Capitulo 6 – O novato é mais rápido do que parece
13 anos – 8º ano – inverno
Na manhã seguinte fui até a arena com os meus irmãos e o chalé de Hermes para uma aula de esgrima um pouco mais competitiva que o normal. Tirei meu bracelete de bronze, apertei o “L” no centro dele, que se transformou em uma lança de 2,5 metros e toquei no meu relógio.
- Anoikthe – assim que ele abriu o Nico desviou os olhos – Acho que só a Thalia não faz isso, ela tem um igual.
Assobiei e a Nice pousou no meu ombro: “competição? Isso é legal. Você contra o novato? Coitado dele.” – disse ela.
Alguns dos meus irmãos riram.
- Não tinha pensado nisso. E sim, é uma competição, mas primeiro a aula.
- Você falou com a coruja? – perguntou o Nico espantado
- Todos nós falamos – disse apontando para os meus irmãos – e o nome dela é Nice.
- Como a deusa da vitória, mas ela não é uma coruja.
- Não, mas foi o nome que deram a ela – disse acariciando a barriga dela – vamos para a aula. Connor e Travis, por favor.
- Sempre nós – disseram em une-sonido.
- Vocês são bons na esgrima, mas não contra mim.
Eles atacaram ao mesmo tempo, parei um com o escudo e outro com o cabo da lança, eles atacaram de novo, desarmei o Travis e joguei o Connor no chão com um empurrão com o escudo no peito dele.
- Nunca ataquem desse jeito. Obrigada Stoll – disse fazendo sinal para que voltassem para o grupo – Malcolm – chamei.
- O.K. – disse ele atacando.
Depois de uma serie de golpes terminamos em empate, a ponta da espada dele estava no meu pescoço e ponta da minha lança estava em diagonal no queixo dele.
- Isso não vale! Vocês são irmãos, pensam da mesma forma. – reclamou o Travis.
Ele abaixou a espada e eu recolhi a lança.
- Não faz diferença, o segredo é se antecipar ao adversário – disse a ele – se dividam em duplas ou trios, os trios só podem ter um filho de Atena e o mais importante, sem matar.
- E se acidentalmente causarmos um ferimento grave? – perguntou alguém do chalé de Hermes
- Aquelas caixas estão cheias de ambrosia – disse apontando para as caixas atrás de mim, a Nice estava pousada em uma delas – Nico, você começa comigo, vou te ensinar alguns golpes básicos e regras também.
- Que regras?
- Regras que vão te manter vivo em uma batalha.
Mostrei alguns golpes simples para ele e pedi que atacasse, mas ele era muito desajeitado com a espada, talvez fosse muito pesada.
- Essa espada é muito pesada pra você – disse desembainhado a Nikodemos e virando o cabo de madeira e couro para ele – tenta com esta.
Ele pega a espada e deixa a outra onde não fosse atrapalhar. Atacou. Agora ele era tão rápido quanto eu. Eu defendia a maioria dos golpes com o escudo, mas em 2 movimentos ele me derrotou. A lâmina da espada estava no lado direito do meu pescoço e a arena inteira parou o que estava fazendo e olhou para nós.
- Bom! Pouquíssimas pessoas conseguem fazer isso contra mim – disse surpresa
- Isso o que? – perguntou ele confuso e retirando a espada do meu pescoço.
- Você me fez defender em um lado e atacou o outro tão rápido que eu não tive tempo de me defender, isso é um furo de bloqueio.
Eu apertei o “L” de novo na lança, que voltou a ser o bracelete, toquei no escudo:
- Konta.
O escudo volta a ser o relógio e o Nico me devolve a espada, eu a embainhei e disse:
- Dica importante: Não pense muito nos movimentos, deixe os reflexos agirem por você, isso é que te mantém vivo.
- Não era o TDAH? – perguntou o Connor
- Os mortais chamam os reflexos de batalha de TDAH porque a verdade não se encaixa na lógica deles.
“Isso!” – disse a Nice ainda em cima da caixa – “nada de verdade para os mortais” – disse ajeitando as penas da asa.
- Nico, vamos até o arsenal, talvez haja uma espada para você.
Fomos até o arsenal. Ele pegava varias espadas, mas nenhuma parecia boa, até que eu vi uma espada apoiada na parede atrás de um escudo, ela tinha cerca de 85 cm, punho de madeira e couro, no topo, havia uma caveira entalhada na madeira. Peguei a espada, era tão leve quando a Nikodemos, o fio duplo de bronze celestial brilhava levemente e havia uma inscrição em grego antigo dizendo: “O filho das sombras”.
Fui até ele e virei o punho da espada para ele.
- Tenta esta.
Ele experimentou alguns golpes no ar e por fim olhou para a caveira no topo do punho e disse:
- Gostei desta – tirou a outra espada da bainha – Onde eu...
- Pode deixar aqui, alguém vai se adaptar a ela.
Ele colocou a espada na parede e embainhou a nova. Eu estava de costas para a saída, então dei passo para trás para depois virar, mas eu tropecei em uma adaga e o Nico segurou o braço direito para eu não cair, sua mão era tão gelada que deu um arrepio.
- Obrigada – disse me ajeitando – nunca ande de costas no arsenal – disse em voz alta para mim mesma.
Ele me soltou e nós saímos.
Durante o jantar eu peguei um prato com arroz a grega, azeitonas pretas e psari plaki (peixe assado), coloquei um pouco de tudo no fogo.
- Atena – disse em voz alta e depois fiz uma prece silenciosa: “ajude o Perseu a trazer a Annabeth de volta, mãe, por favor,”.
Me sentei, o Malcolm se sentou ao meu lado
- Não via passar mal com isso?
- Não, esse é o meu preto preferido – disse levantando o copo – suco de laranja.
- Coca – diz ele levantando o copo – também não bebe refrigerante.
- Não, da ultima vez que bebi isso saíram bolhas até pelos ouvidos. – eu estava exagerando, mas acho que ele entendeu.
A verdade é que eu não consigo gostar se certas invenções da humanidade, bebida com gás era uma delas, tinham um gosto estranho, borbulhavam na boca e no nariz, sem falar que faziam meu os olhos lacrimejarem.
Alguns dias depois, o Grover, o Perseu e a Annabeth voltaram, as caçadoras foram embora e pelo que contaram a Thalia se uniu a elas. Perseu e Annabeth estavam com uma mecha branca no cabelo por terem segurado o céu, o pai da Anna havia aparecido e fuzilando os monstros no monte Tam com um avião da época da guerra. A Bianca havia morrido.
O Nico desapareceu e a Nice veio me contar o que tinha acontecido:
“o Perseu contou para ele da Bianca, ele ficou com raiva e zumbis-esqueto apareceram” – disse ela – “O Nico abriu uma fenda no chão e os monstros caíram no submundo” - disse mexendo nervosamente nas penas.
- O Nico... Ai, meus deuses! – exclamei – você tem certeza disso?
“tenho, eu vi” – disse ela.
- Viu o que? – perguntou a Annabeth atrás de mim.
Fiquei relutante em contar, mas depois pensei na possibilidade de ela já saber e contei.
- Mais ninguém pode saber disso, Li, me promete que não vai contar.
Eu prometi que não contaria e fiz a Nice prometer também, o que a deixou um pouco mais tranquila.