Capitulo 8 – Sonhos não tão bons

30/09/2014 15:19

14 anos – 9º ano – verão

 

  Quando você é um semi-deus acaba se acostumando a ter sonhos estranhos quase todas as noites, mas às vezes isso fica um pouco exagerado, três em uma noite só é demais.

  O primeiro sonho foi uma lembrança do meu 6º ano no acampamento. Naquele dia eu tinha sonhado com alguém dizendo: “tragam-na para mim, quero ela aqui, assim ele virá atrás dela”. Era uma voz rouca e assustadora. Quando eu contei ao Quíron, ele falou para eu não me preocupar, mas ele estava claramente preocupado (com o tempo eu tinha aprendido a ler o rosto das pessoas a ponto de saber o que elas estavam pensando e a expressão dele não era das melhores). Eu resolvi não discutir isso com ele e fui até o estábulo, era a vez de o meu chalé alimentar os cavalos e pegasos, mas eu não cheguei lá. Algo me fez apagar, mas eu só me lembro de alguma coisa batendo muito forte na minha cabeça. Quando eu acordei estava pendurada de cabeça para baixo balançando e girando sobre um caldeirão com água fervente, o vapor me fazia soar e minha cabeça latejava. Da escuridão surgiu um enorme olho vermelho e dois cães infernais.

  - A trouxemos, como pediu, e nosso pagamento? –perguntaram dois ciclopes menores do outro lado do caldeirão.

  - Peguem e saiam – disse o outro ciclope jogando uma bolsa fechada para eles.

  De repente os dois ciclopes viraram pó e Arthwr Balaguer surgiu atrás deles com arco em punhos, ao lado dele estavam as minhas coisas. Meu relógio ainda estava no meu pulso, então tentei alcança-lo enquanto o ciclope atacava o Arthwr.

  - Ora, Ora, Ora; você aqui de novo – disse ele na imitação perfeita da voz do Arthwr.

  Consegui tocar no relógio e dei dois toques com o indicador, o escudo se abriu e cortou as cordas. Apertei um botão e a besta se abriu, flechei os dois cães infernais, que viraram pó. Apertei outro botão e a besta voltou a ser relógio, tentei alcançar meus pés, consegui me soltar e fiquei balançando na corrente até ficar fora do caldeirão e do fogo, então me joguei de lado no chão, quando eu cai rolei para o lado e levantei. Corri até as minhas coisas e pequei a lança-bracelete, Arthwr estava ensopado de suor quando eu Entrei na luta com ele, derrubamos o ciclope e cortamos a cabeça dele. Peguei as minhas coisas e voltamos em 2 pegasos para o acampamento.

  - Quando o Quíron disse que você tinha desaparecido eu disse que viria busca-la – disse ele – mas ele não deixou um semi-deus não reclamado sair e missão.

  - Então porque está aqui? – perguntei meio tonta.

  - Apolo me reclamou e ao meu irmão no mesmo instante, então eu vim.

  - Porque está tudo rodando? – perguntei descendo do Ulisses – minha cabeça parece que... – minha vista enegreceu e depois disso eu só me lembro de acordar na enfermaria com ele e a Annabeth do meu lado, ela me fez comer um pouco de ambrosia, que tinha gosto de azeitona em conserva. – O que aconteceu? – perguntei.

  - Logo que chegamos você desmaiou e eu te trouxe para cá.

  Tentei levantar, mas minha cabeça começou a latejar e eu voltei a deitar.

  - Ai... Minha cabeça – disse colocando a mão na testa. – odeio parecer um vaso de porcelana – murmurei.

  Ambos riram e o sonho mudou.

  O segundo sonho estava mais para pesadelo, eu corria na margem de um rio e milhões de aranhas me perseguiam, de repente sinto um cheiro tão doce que chegava ser enjoativo e uma voz estranha diz no escuro: “peguem ela meus filhos, vinguem-me!” e então uma viúva negra surgiu das sombras, quando ela pulou na minha direção o sonho mudou.

  No terceiro sonho eu estava em uma ilha coberta de lírios e flores de lótus, a ilha se movia no mar, mas o mar era tudo que eu via, fiquei ali horas, dias, não conseguia saber ao certo. Uma voz feminina e assustadora dizia na minha cabeça: “Perdida, perdida, por que seu pai não fez o que deveria ser feito” – agora eu podia ver uma silueta de névoa à minha frente – “Agora ficará perdida pela eternidade, numa época que não é sua” – a silueta de névoa desapareceu e eu acordei com o Iago, um dos meus irmãos, me chamando (ele tinha chegado um ano antes do Perseu e tinha 8 anos).

  - Liliana!

  - O que? – perguntei meio sonolenta

  - Você estava tendo pesadelos, não é?

  - Eu falei dormindo ou me mexi descontroladamente na cama? – perguntei me levantando.

  - Os dois – respondeu ele – estava ficando assustado, te chamei umas 6 vezes antes de você acordar.

  - O que eu falei? – perguntei calçando o tênis

  - Não sei direito, você falou em grego antigo algo sobre ciclopes, aranhas e uma ilha no meio do nada.

  A corneta de concha soou ao longe avisando da hora do café e fomos para o pavilhão de refeições.

 


Crie um site gratuito Webnode